sexta-feira, 19 de junho de 2009
Diálogo Improvável: Boechadas em Sarney no “Bermuda Folgada”
No quadro Bermuda Folgada de hoje, eu, o jornalista Daniel Grecco e o radialista Edu Malaveia colocamos no mesmo tanque, onde lavamos nossas bermudas sujas: política, jornalismo e rádio.
O destaque fica para um diálogo improvável que criei entre Sarney e Ricardo Boechat, da Bandnews FM e TV Band.
Ouça o nosso bate-papo de hoje (se o player não estiver visível, clique aqui)
Para aproveitar a trilha (usada no diálogo) à base dos Paralamas, que fala sobre as concessões de rádio FM e televisão dadas à exaustão pelo falecido ACM no governo Sarney, divido alguns trechos da tese de doutorado assinada por Maria das Graças Conde Caldas para a ECA, em 1995: O Latifúndio no Ar, que trata da relação entre mídia e poder na Nova República.
A sociedade da comunicação que Sarney acusa de concorrer com o congresso, em grande parte tem a mão dele próprio. Entenda porque:
“A distribuição massiva de canais de rádio e televisão em troca de favores políticos aumentou no governo Figueiredo (79-85). Nesse período, foram outorgadas 634 concessões de rádio e televisão. Devido ao grande número de distribuição de canais de comunicação, surge a expressão ‘coronelismo eletrônico’.
Os conhecidos coronéis dos latifúndios da terra se multiplicam agora com a sofisticada denominação de coronéis do latifúndio do ar. O instrumento principal de poder de barganha política não é mais a propriedade da terra. A esta moeda de troca se acrescenta uma nova moeda de valor ainda mais forte que é a mídia eletrônica.
Aí vem o governo democrático de Sarney. Apoiado por seu ministro das Comunicações, Antonio Carlos Magalhães, nos três primeiros anos de mandato são distribuídas 524 concessões, sendo 83 emissoras de rádio e seis de TV para a Bahia, terra natal de ACM.
O então ministro das comunicações, desde 1975, após seu primeiro mandato como governador da Bahia, costumava comentar: “quem tem televisão, rádio e jornal, está sempre no poder”.
Fazendo jus a esta idéia, em 1988, entre os proprietários da TV Bahia estavam o filho do ministro, então deputado Luís Eduardo Magalhães, o genro do ministro, César Mata Pires, e o cunhado de ACM, Wilson Maron.
Até o fim do período Sarney à frente da presidência foram outorgadas 858 concessões para emissoras de rádio e TV, sendo que 10% para os amigos do Ministro das Comunicações na Bahia. 224 concessões a mais do que o governo Figueiredo, até então o líder nesta categoria.
É justamente no governo Sarney que se dá o maior derrame de concessões já verificado na área. Ao mesmo tempo em que os constituintes debatiam mudanças no capítulo da Comunicação Social, que poderiam modificar o acesso dos Meios de Comunicação de Massa, operava-se no Congresso Nacional a troca de votos pela prorrogação do mandado do presidente José Sarney, de quatro para cinco anos, por uma estação de rádio ou de televisão. Mais uma vez prevaleceu a tática do ‘toma lá, dá cá’.”
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